O amarelo vibrante e o vermelho rosado de milhares de frutos contrastam com o verde das folhas nos 1.500 hectares de cacaueiros que colorem a paisagem e marcam a temporada áurea da visitação à fábrica da Mendoá Chocolates, em Ilhéus, na Bahia.
Durante a safra, a plantação fica repleta de cacaus, que, conforme amadurecem, dão novos tons à lavoura, com nuances de alaranjado e roxo. O cenário ímpar torna a experiência exclusiva daqueles que vão à Fazenda Riachuelo para conhecer como o chocolate é feito, acompanhar o processo desde a colheita e a aromática torra das amêndoas aos experimentos no laboratório até chegar ao produto final na fábrica – e satisfazer as papilas gustativas na fonte da iguaria.
“O passeio ocorre o ano todo, mas essa é a época mais bonita, mais frutífera. É o melhor período para os turistas verem o cacau no pé, colherem, abrirem e degustarem”, conta Raimundo Mororó, sócio-gerente e pesquisador chefe da fábrica.
O cultivo de diversas variedades permite a produção contínua, mas essa é a fase de mais volume e beleza. Maior produtora de cacau da região, a Mendoá foi pioneira em abrir os portões e revelar sua fabricação.
O que no início, em 2013, atraia pesquisadores interessados na área de beneficiamento da semente, hoje, recebe interessados de todo o país e deu início à rota do cacau.
O momento de maior deslumbre dos grupos, segundo Mororó, é quando caminham pela vegetação nativa e conhecem o cacaueiro. “Muitas pessoas sequer sabem como é o cacau. Vê-lo na árvore majestosa, em meio à natureza, e acompanhar o cuidado em todo o sistema é mágico e impactante”, diz.
Um guia conta o histórico da fazenda, que foi reerguida depois da praga da vassoura-de-bruxa e reestruturada – com avanços tecnológicos e fábrica moderna que a transformaram no complexo que é hoje.
O próprio Mororó, que é biólogo, fala às turmas sobre as inúmeras pesquisas. Ele mostra também os experimentos feitos, ainda hoje, para chegar a resultados cada vez melhores.
O tour tem de 1h30 a 2h de duração. Ele começa pela fermentação e secagem, onde milhares de amêndoas enchem os olhos curiosos dos visitantes. As sementes são selecionadas e vão para o laboratório da fábrica. Nele, são analisadas e seguem para a torra e moagem dos grãos, que exala o aroma característico e envolvente que atiça os sentidos, principalmente o paladar.
“A partir daí, os corredores são envolvidos pelo buquê especial de cacau”, aponta Mororó. A massa se transforma, então, no ingrediente base da Mendoá, que produz 20 tipos diferentes de chocolates, com, pelo menos, 40% de cacau – chegando a 100%. Sabores como gengibre, canela, castanha-do-pará, pimenta, coco, amendoim e café são adicionados e, por fim, a iguaria segue para ser embalada e enviada ao varejo.
No fim do passeio, os participantes degustam chocolates como os das linhas Clássica, Orgânica e Brasilis e nibs. Além de bombons recheados de tapioca, cupuaçu, amendoim e maracujá. Há venda de produtos no local. “É uma experiência única e completa numa verdadeira ‘fantástica fábrica de chocolate'”, diz Mororó, em referência ao filme de mesmo nome.