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Recalculando a rota para 2022

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Mais um ano chegando ao fim e o momento é de recalcular a rota para 2022, aprendendo com as falhas e fortalecendo assim o que deu certo. O clima nos setores de hospedagem e alimentação fora do lar é de pleno otimismo.

Com o índice de ocupação beirando a casa dos 90%, no último fim de semana prolongado, com o feriado da Proclamação da República (dia 15 de novembro), os hotéis brasileiros preveem um fim de ano movimentado.

Para dar suporte a este retomada, nasceu o projeto “Vai Turismo – Rumo ao Futuro”, cuja proposta é fazer um diagnóstico dos destinos turísticos em cada estado para elencar as demandas de políticas públicas que irão definir a rota do setor.

A iniciativa – assinada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) – tem o apoio da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), além das Federações do Comércio nos Estados (Fecomércio) e das outras 27 entidades que compõem o Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade da CNC (Cetur).

Ao final, as necessidades identificadas em cada estado serão entregues aos candidatos aos governos estaduais; e as nacionais, aos postulantes à Presidência em 2022. Portanto, o assunto promete aquecer os debates num ano essencialmente eleitoral e decisivo para o país.

Em termos práticos, nossa intenção é que o turismo seja inserido de forma perene na agenda governamental e tenha continuidade em políticas públicas, projetos e ações de fomento ao setor produtivo nacional.

Com base nos cinco pilares da metodologia de Destinos Turísticos Inteligentes — governança, tecnologia, inovação, sustentabilidade e acessibilidade — foram feitos diagnósticos de cada estado, considerando informações como disponibilidade de serviços turísticos, comunicação e marketing, planejamento e gestão dos destinos. E, com base nesses diagnósticos, estão sendo realizados os debates para apontar demandas e propostas para uma nova rota para o setor.

Um ponto de atenção tem sido detectado nos encontros estaduais: a falta de continuidade nas políticas públicas e necessidade de que sejam retomados planejamentos com a participação da iniciativa privada e do poder público.

De acordo com o Índice de Atividades Turísticas, apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de receitas do setor avançou 49,1% desde o fim da segunda onda da pandemia no Brasil. E, embora ainda esteja 20,7% abaixo do nível registrado antes do início da crise sanitária, é o melhor resultado desde fevereiro de 2020.

A retomada do setor vem sendo impulsionada pelo turismo doméstico. Um exemplo é a média diária de voos domésticos que, em novembro, já alcança 78,2% da oferta de voos antes da pandemia, em março de 2020. Já no mercado internacional, a média diária de partidas é de 32,8% da oferta pré-pandemia, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).

Tudo leva a crer que, até o fim deste ano, deveremos ter cerca de 85% da malha aérea doméstica e a retomada integral deverá ocorrer durante o primeiro trimestre de 2022.

Até o fim de 2021, deveremos registrar em torno de 40% da malha internacional, sendo que a normalidade da operação deve ocorrer até o fim de 2023, devido, principalmente, às fronteiras que permanecem fechadas aos brasileiros. Vale ressaltar, no entanto, que as duas projeções estão vinculadas à vacinação contra a Covid-19, ao não agravamento da pandemia e ao enfretamento dos custos estruturais do setor, que podem inibir uma retomada mais consistente.

Com a permanência desse cenário, a CNC projeta que as atividades turísticas faturem R$ 171,9 bilhões ao longo da próxima alta temporada, com base na receita de empresas nacionais. Isso contribuiria para levar o nível de rendimento ao patamar registrado imediatamente antes do início da pandemia já a partir de maio de 2022.

Caso a tendência permaneça, a expectativa, segundo revela estudo da CNC, é de que o segmento contrate 478,1 mil trabalhadores formais entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022, entre eles 81,7 mil voltados especificamente para atender à demanda da alta temporada, com vagas temporárias.

Tradicionalmente, o segmento que mais oferece oportunidades temporárias nessa época do ano, no entanto, é o de bares e restaurantes. Para a temporada iniciada este ano, o ramo deverá responder por 77,5% ou 63,4 mil vagas.

Em resumo, o início da primeira alta temporada após a adoção das medidas de flexibilização não apenas gera expectativas positivas, mas ajuda a definir o andamento e a rota da economia brasileira.

Que 2022 seja mais leve e compense o rojão que foi segurar as pontas durante os últimos 20 meses.

Artigo de Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA)
Leia também o artigo Momento exige precaução, mas sobretudo racionalidade, de Alexandre Sampaio