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Cresce o número de mulheres atuando na indústria do turismo

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Pujante e em pleno crescimento, a indústria do turismo vem ampliando o número de oportunidades de emprego em todo o mundo. Ao longo dos últimos 10 anos, registrou crescimento de 24% no emprego direto de mulheres, passando de 38,6 para 47,8 milhões. Os dados integram a pesquisa do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) e do Centro Global de Turismo Sustentável (STGC), divulgada recentemente.

No Brasil, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), apresentam o perfil de pessoas que passaram a atuar em empregos formais nas atividades diretas/exclusivas do turismo em 2023, ano em que 17.139 novos postos de trabalho foram gerados em hotéis, agências de viagem, transporte aéreo e rodoviário, entre outros setores do turismo.

Desse total, 43% são mulheres. As três regiões que geraram o maior número de empregos em novos postos são o Sudeste, com 40% das vagas em São Paulo (23%), Minas Gerais (9%) e Rio de Janeiro (8%); o Nordeste, com 28% das contratações formais nos estados na Bahia (10%), em Pernambuco e Alagoas (5% em cada um); e na região Sul, com 17% do total de empregados em novos postos de trabalho no Paraná (7%), Santa Catarina (6%) e Rio Grande do Sul (4%).

No Dia Internacional pelos Direitos das Mulheres e a Paz Internacional, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1977, convidamos executivas e empreendedoras da indústria para falar sobre desafios, conquistas e futuro.

Cresce o número de mulheres atuando na indústria do turismo
Ana Santana, diretora-geral das empresas Schultz. Foto divulgação.

“De modo geral, ao longo dos últimos anos temos observado a ampliação do número de mulheres no mercado de trabalho. Nos diversos setores econômicos e em diferentes posições, o que é uma conquista merecedora. Esta é uma verdade também no turismo, uma indústria focada na experiência e, para a qual, nosso olhar amplo e nossa atenção aos cuidados e detalhes é um grande diferencial”, diz Ana Santana, diretora-geral das empresas Schultz.

O comportamento das mulheres e o fato de reproduzirem, em seus ambientes de trabalho, a atenção que dedicam em sua vida pessoal, também é apontado por outras executivas e empresárias. É o caso de Leila Borges, gerente-geral do Jardim Atlântico Beach Resort, empreendimento que reúne as características de pé na areia e urbano, na paradisíaca Ilhéus (BA). “Cargos que eram tidos como exclusivamente masculinos agora estão ocupados por um número cada vez maior de lideranças femininas. E, não raras vezes, suas inovações são inspiradas em sua vida cotidiana”, diz a executiva, complementando que “a mulher tem papel decisivo no aumento da eficiência do negócio, promovendo mudanças significativas”.

Cresce o número de mulheres atuando na indústria do turismo
Silvia Morais, diretora-executiva de Entretenimento e Hospitalidade do FN Group. Foto divulgação.

A consciência da capacidade de realização de uma gestão tão ou mais eficiente do que a masculina também é parte da reflexão de Silvia Morais, diretora-executiva de Entretenimento e Hospitalidade do FN Group, holding que, entre outros negócios, é responsável pelo Parque Thermas Hot World, localizado em Lindóia e integrante do Circuito das Águas de São Paulo.

“A indústria ainda é bastante masculina quando olhamos para os cargos de direção e nós temos que virar essa chave. Em minha avaliação, temas como capacidade de liderança, ganhos preocupação com a gestação ou maternidade não podem mais serem considerados no mundo atual. E isso serve para todas as indústrias”, afirmou a executiva.

Cresce o número de mulheres atuando na indústria do turismo
Bianca Pizzolito, que é head da WTM Latin America. Foto divulgação.

Romper a barreira que separa as mulheres de posições de liderança é um desafio. Ele vem sendo observado e trabalhado ao longo dos últimos anos, mas ainda há um caminho a ser trilhado na avaliação de Bianca Pizzolito, que é head da WTM Latin America. A executiva fala sobre o momento de (re)construção do mercado, reflexão que inspira toda WTM Latin America em 2024 sob a temática The Future is Open. Be the change. “Eu acredito muito que a reconstrução do futuro está acontecendo neste momento. E nós estamos otimistas com o que pode e vai ser construído”, diz a executiva. Ela comanda um dos maiores eventos do setor na América Latina.

A gerente de Projetos da Caio Calfat Real State Consulting, uma das maiores empresas de planejamento, desenvolvimento e gestão de empreendimentos imobiliários, hoteleiros e turísticos, Fernanda Nogueira, fala sobre o poder de escolha como principal ponto dos últimos anos. “A mulher está mais qualificada e tem mais opções de escolher onde e como quer trabalhar. Pode-se incluir aí os vários perfis de empresas, modelos de trabalho e empreendedorismo que, inclusive, ganhou mais luz desde o início da pandemia”, diz, reforçando que o mercado imobiliário tem acolhido um maior número de mulheres, embora se observe uma presença maior de homens. “Eu acredito que discussões de cargos e salários tendem a mudar no horizonte de longo prazo. Celebrar o 8 de março não se trata, apenas de reconhecer as conquistas. Mas sim de renovar o compromisso de alcançar igualdade e inclusão”, diz.

Olhar para o futuro e buscar soluções é o caminho apontado por Leila Borges e Silvia Morais

A partir da Bahia, Leila destaca que o futuro é, ao mesmo tempo, promissor e desafiador. Ela defende a necessidade de integração entre a iniciativa privada e o poder público. Para dessa forma contribuir para aumentar o fluxo turístico seguro e confortável para o viajante. “Nós somos um povo alegre, diverso em cultura e com uma extensão demográfica que nos favorece de inúmeras formas. Entendo que é preciso aumentar a representação das instituições ligadas à indústria. Além de desenvolver mais projetos que ampliem a logística, o mobiliário e a capacidade de receber e encantar”, diz.

Já Silvia fala sobre o futuro considerando o desafio da formação. “Nós precisamos, como indústria, formar pessoas – a mão de obra é um ponto muito desafiador no turismo. E isso não acontece somente em nosso complexo ou em nossa cidade. Essa é uma realidade do Brasil e nós queremos ser protagonistas na busca de soluções. Neste sentido, inclusive, o Thermas Hot World tem um projeto com a Secretaria de Turismo de São Paulo para formar pessoas, formar mão de obra especializada. E queremos formar um número cada vez maior de mulheres para ocupar posições de liderança e gestão. A mulher possui a sensibilidade e a criatividade que nossa indústria demanda. Mais, a mulher possui determinação. Eu não tenho dúvidas de que o turismo é para as mulheres”, finaliza.

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