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Cássio Vilela, sócio-fundador da Promonde fala sobre a comunicação no turismo de luxo

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A Revista Marco Zero trará toda a semana uma entrevista com um profissional de relações públicas do turismo. O primeiro entrevistado da série é Cássio Vilela, empresário especializado em gestão ambiental e sustentabilidade, sócio-fundador da Promonde.

Hoje, a Promonde atua com a rede de hotéis 369 Degres com hotéis em Courchevel, Megève, Chantilly, Saint Barth e Saint Tropez, que inclui o célebre castelo de Montvillargenne. Na ilha do Caribe francês, Saint Barth, hotéis parisienses como o Sofitel Le Scribe, localizado próximo à Ópera de Paris e da Place Vendôme, que foi sede do Jockey Club francês em 1863 e a primeira loja da Louis Vuitton no século XIX. No Brasil, o Jequitimar Resort, entre outros clientes.

Na comunicação dos seus clientes, Vilela opta por selecionar bem os veículos para publicação, investe em qualidade de audiência, em influência de rede. Nesta entrevista, o relações públicas reflete sobre o silêncio da comunicação nos dias atuais e como isso pode ser positivo.

Confira a entrevista a seguir:

Marco Zero: São 14 anos de Promonde, qual a linha do tempo da comunicação no turismo durante este período?

Cássio Vilela: Passamos de um período com pouquíssimas publicações de grande audiência, com as revistas especializadas e grandes cadernos em jornais, para milhões de influenciadores de diferentes nichos falando assim com menos pessoas o tempo todo. Hoje, o hóspede de um hotel cumpre um papel de influenciador e agente de viagem com suas recomendações e críticas nas redes sociais. A gestão de crise assumiu outra dimensão e o trabalho de relações públicas dessa forma se multiplicou.

Marco Zero: Vivemos num momento em que as pessoas não respondem e-mail, WhatsApp e nem retornam ligações. Como é trabalhar com comunicação em períodos em que o silêncio é resposta?

Cássio Vilela: O silêncio é uma estratégia de comunicação. Veja o exemplo do Banco Safra. Em uma era de cacofonia, de tantos estímulos, de poluição sonora, visual e de ideias, falar só o necessário traz portanto relevância. Quem fala toda hora, perde o charme. Nossos clientes só se manifestam quando têm algo relevante para comunicar.

Marco Zero: No último ano, a Promonde fez uma migração para o mercado de luxo, você também é um gestor ambiental, existe sustentabilidade no luxo?

Cássio Vilela: A Promonde sempre atuou no segmento de alto padrão. A diferença é que antes trabalhávamos com hotéis e DMC’s e, hoje, com o destino mais exclusivo do planeta. De fato, a sustentabilidade deixou de ser uma estratégia e se tornou uma commodity. Todos os segmentos de mercado precisam portanto se preocupar com meio ambiente, equidade, diversidade e comércio justo. Eu vejo a corrida pelo artesanal, a valorização do regionalismo como algo muito correto ambientalmente em algumas marcas de luxo. Precisamos resgatar ciclos da Natureza. É claro que comer morango o ano inteiro o fará perder a qualidade.

Marco Zero: Você é um dos homens mais bem vestidos do trade turístico brasileiro, como você entende grandes marcas da moda como Armani, Bvlgari, Versace, Fendi, Ferragamo, Karl Lagerfeld, Oscar de la Renta, Christian Lacroix e Christian Louboutin investindo em hotéis?

Cássio Vilela: Obrigado pelo elogio! A moda saiu de moda. As grandes marcas precisam dar resultados a longo prazo para seus investidores. A moda é insustentável, pois ela exclui pessoas. Tem coisa mais anacrônica que crítico de moda? Os grandes conglomerados, como LVMH e Kering, acompanham as tendências de mercado e por isso investem tanto nos mercados de cosméticos e turismo, que respondem às necessidades atuais dos indivíduos. As pessoas querem saúde, beleza, bem-estar e experiências significativas.

Marco Zero: Quais as novidades da Promonde? O que devemos saber sobre as ações da empresa em 2024?

Cássio Vilela: O turismo de luxo está migrando para as viagens espirituais, não religiosas, e o turismo regenerativo. Pessoas querem resgatar a si próprias, se desconectar da pressão digital. Querem viver uma essência que não precisa estar vinculada à religião institucionalizada e estamos investindo nesse segmento de viagens de reconexão, principalmente no sul da França e na rota de Maria Madalena.

Entrevista: Mary de Aquino

Fotos: Arquivo pessoal

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