Nos países do Oriente Médio, a guerra é a principal causa da imigração para outras terras. Esse é o tema do livro Baal, da escritora Betty Milan.
Ao ver tanta violência, a mãe de Omar, protagonista do romance Baal, decidiu pela viagem do filho. A história da imigração de Omar é a trama central do novo livro da escritora Betty Milan. Para escrever a obra, a autora se inspirou na história dos seus antepassados, já que ela é neta de libaneses.
Com uma narrativa póstuma, na tradição de Machado de Assis, o livro foca na história dos imigrantes no Brasil. Segundo os dados da última pesquisa realizada (2017) há mais libaneses no Brasil do que no Líbano. São 12 milhões de libaneses e descendentes no país, enquanto no Líbano só há 4,5 milhões.
Dentre os temas abordados no livro estão o desenraizamento cultural, a xenofobia e a disparidade de gênero na cultura do Oriente Médio. O debate do lançamento em São Paulo, entre a escritora e o renomado crítico literário Manuel da Costa Pinto, mostra a importância desta obra.
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Betty esteve em Beirute para o pré-lançamento do livro no Congresso Internacional da Diáspora. Na ocasião, foi premiada com um cedro pelas mãos do Ministro das Relações Exteriores do Líbano pela contribuição e compromisso com a terra ancestral.
Livro trata de um tema sempre atual: a imigração
Baal é uma história familiar. O patriarca e personagem principal, Omar, narra um drama sempre atual: o da imigração. No final do século XIX, quando seu melhor amigo é capturado por uma milícia para servir no exército inimigo, Omar é forçado a sair do seu país no Oriente Médio. Ao fugir da aldeia, coração partido, jura que voltará para buscar a família e a noiva.
Embarca para os trópicos, atravessa o oceano e começa a vida na mascatagem. Da mesma maneira que vários de seus conterrâneos que emigraram para o Novo Mundo. Valendo-se da sua força física e inteligência, vence as dificuldades, torna-se um próspero atacadista. E constrói um palácio, Baal, “uma joia do Oriente no Ocidente”, para sua filha única, Aixa, e a família dela.
Só que, depois de falecer, os descendentes dilapidam a sua fortuna. O patriarca, que morreu sem poder descansar em paz por causa dos conflitos familiares, vê a guerra do país natal se repetir no país da imigração.
Indignado com o comportamento dos netos, Omar os culpa por não se darem conta da sua luta e do alto custo do berço de ouro que lhes proporcionou. Associa a crueldade deles à vergonha das origens. Diz que, além de xenófobos, são desmemoriados, “sucumbiram no fundo negro do esquecimento”. Para se opor a isso, ele relembra a história.
A rememoração o obriga, no entanto, a reconhecer os seus erros. Não se empenhou em transmitir o que aprendeu na travessia. Por preconceito em relação às mulheres, não formou a filha para ser sua sucessora. Valeu-se dela para animar Baal, o seu pequeno império tropical, e não para que o palácio continuasse a existir depois da sua morte e se tornasse o que deveria ter sido, um memorial da imigração.
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