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KLM destaca mulheres aviadoras ao fazer 100 anos

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Todos nós já ouvimos falar de mulheres aviadoras famosas como Amelia Earhart e Amy Johnson. Mas você sabia que também haviam mulheres pioneiras perto de casa?

Você vai conhecer a seguir uma breve história de três heroínas brasileiras, além de outras holandesas. Cada uma traçando seu próprio caminho e abrindo espaço para outras mulheres aviadoras no cockpit. A iniciativa de homenagear essa pioneiras foi da KLM que em 7 de outubro de 2019 completa 100 anos de existência.

Thereza de Marzo

A paulista Thereza de Marzo foi a primeira brasileira a receber o diploma de piloto-aviador internacional. Sua trajetória até o diploma não foi fácil, Thereza era repreendida pela família por seu sonho de pilotar aviões.

Por conta disso, atravessou a cidade de São Paulo andando, até o Aeródromo Brasil, onde se matriculou nas aulas de voo após rifar uma vitrola. Em março de 1922 se tornou a primeira mulher a pilotar sozinha, se habilitando perante a banca do Aeroclube Brasil pouco tempo depois.

No mesmo ano criou as chamadas “Tardes de Aviação”, nas quais realizava voos panorâmicos com passageiros para lazer. Até que, em 1926, se casou com o instrutor Fritz Roesler.

Numa época onde as mulheres quase não desempenhavam fora de casa, Thereza foi proibida de voar após o casamento. De acordo com o código civil de 1916, a mulher casada precisava de autorização do marido para diversas atividades. Apesar da carreira encerrada precocemente, Thereza foi uma pilota brilhante, com 300 horas de voo.

 Anésia Pinheiro Machado

Segunda entre as mulheres aviadoras a receber o diploma de pilotagem no Brasil, Anésia realizou um voo histórico entre São Paulo e Rio de Janeiro para as comemorações do centenário da independência brasileira, se tornando a primeira mulher a realizar um voo interestadual no país.

E por tal feito e tantas outros, recebeu os comprimentos de Alberto Santos Dumont. O voo pioneiro em uma data comemorativa nacional representou uma bandeira importante para o movimento feminista dos anos 1920.

Anésia participou do I Congresso Feminista Internacional e da Revolução de 1924, quando foi presa e depois libertada. A pioneira sobrevoou o navio Minas Gerais, jogando flores e um bilhete dizendo “E se fosse uma bomba? ”, o que a proibiu de voar até 1939.

Já em 1951, entrou para a história mais uma vez, voando um monomotor de Nova York para o Rio de Janeiro, e depois por atravessar a Cordilheira dos Andes.

Foi reconhecida pela Federação Aeronáutica Internacional (FAI), na Conferência de Istambul, como Decana Mundial da Aviação Feminina em 1958.

Ada Rogato

Ada foi a primeira mulher brasileira a obter licença como paraquedista, a primeira a pilotar um planador, a terceira a obter brevê (em 1935, após Thereza e Anésia) e a primeira pilota agrícola do país.

A pilota, que sempre voou sozinha, realizou também mais de 200 voos de patrulhamento no litoral paulista de maneira voluntária. Alguns anos depois, em 1950 atravessou os Andes onze vezes, e voou mais de 50 mil quilômetros pelas Américas, chegando até o Alasca.

Ela também foi pioneira ao cruzar, sozinha, a região amazônica em uma aeronave sem rádio, tendo como guia apenas uma bússola. Sua importância foi além de suas conquistas no ar.

Ada se dedicava à preservação da história aeronáutica do Brasil, atuou como presidente da Fundação Santos Dumont e Diretora do Museu da Aeronáutica. E, por fim, foi a primeira mulher a receber a Comenda Nacional de Mérito Aeronáutico e o título da Força Aérea Brasileira de Piloto Honoris Causa.

Beatrice de Rijk

Beatrice de Rijk, uma ávida balonista, foi a primeira holandesa a obter uma licença de piloto em 1911. Por décadas, principalmente antes da Segunda Guerra Mundial, o cockpit era dominado quase que exclusivamente por homens, embora mulheres como Beatrice estivessem dispostas e capacitadas para voar.

Antes da fundação da KLM, já havia várias mulheres que desafiavam o tradicionalismo da época pelo cockpit. Mas mesmo durante a Primeira Guerra Mundial, quando a necessidade abriu novas portas para as mulheres aviadoras, De Rijk mesmo assim foi recusada para um emprego na Força Aérea.

Ida Veldhuyzen van Zanten

A Segunda Guerra Mundial certamente serviu como um catalisador para que as mulheres ocupassem seu devido lugar no cockpit.

A heroína da resistência Ida Veldhuyzen van Zanten obteve inicialmente sua licença de piloto para melhorar suas chances de se tornar comissária de bordo.

Logo após a KLM a contratar, em 1940, os alemães ocuparam a Holanda. Veldhuyzen van Zanten fugiu para a Inglaterra, onde se destacou como pilota em um dos dois esquadrões da Royal Air Force para mulheres.

Ela foi condecorada por suas realizações após a guerra. Também foi dona, brevemente, de uma empresa aérea na África do Sul, onde operava voos charter locais, mas logo retornou à Holanda e tornou-se assistente social. Ela continuou a pilotar aviões até seu falecimento em 2000.

Liane Latour

Liane Latour completou seu treinamento de voo em 1946 e foi a primeira pilota holandesa contratada pela KLM. Ela ganhou pouco mais que uma aeromoça por seus esforços.

Há rumores de que a mudança de carreira de Latour tinha que permanecer em segredo, porque o diretor gerente e fundador da KLM, Albert Plesman, queria evitar transtornos.

Depois que a notícia vazou, Latour foi brevemente transferida para operações de carga e aeronaves do governo. Infelizmente, depois de uma carreira no cockpit de apenas 18 meses, Latour recebeu uma carta informando que ela retomaria o trabalho como aeromoça no dia seguinte. Claramente, a emancipação no cockpit ainda estava muito distante no início dos anos 50.

Mulheres aviadoras no cockpit

Três ondas feministas depois, as mulheres parecem ter oportunidades iguais de se tornarem pilotas. E, de fato, ao longo das décadas, muitas mulheres subiram na hierarquia para se tornarem capitães a bordo dos poderosos Boeing 747 e F16. No entanto, ainda há muito menos mulheres do que homens no cockpit. Dito isto, vamos saudar essas pioneiras pela igualdade no ar.

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