Desafiar os olhares mais aguçados e revelar ângulos inusitados. Rio, novo livro do premiado fotógrafo carioca Rafael Duarte, revela uma outra Cidade Maravilhosa.
Somando o poder da fotografia, que permite alcançar lugares sonhados pela imaginação humana, e oito anos de dedicação, o fotógrafo traz uma série de imagens que revelam novos olhares sobre paisagens conhecidas.
O livro tem prefácio assinado por Sergio Surgi, um dos principais especialistas na obra do fotógrafo Marc Ferrez. Segundo ele, o livro traduz um manifesto de amor à essência da cidade. O lançamento será na semana do aniversário do Rio de Janeiro (01/03).
O fotógrafo tem como referência Sebastião Salgado
Como admirador do lugar onde nasceu e cresceu, Rafael sempre procurou estabelecer um olhar generoso para a capital fluminense.
Inspirado nos mestres Ansel Adams, Sebastião Salgado e Marc Ferrez, e movido pela curiosidade e ímpeto de encontrar a essência geográfica do Rio, o fotógrafo explorou a cidade em busca de ângulos únicos. Muitas vezes, improváveis e de perspectivas incomuns para criar essa série artística, investigativa e documental.
O objetivo foi revelar a delicadeza e a força que estão na sinergia entre o natural e o urbano. A obra, de 200 páginas com fotografias em preto e branco, é editada pela Editora Bambalaio. O livro é um convite para que o leitor faça uma viagem pelo Rio ao logo dos quatro capítulos que representam recortes das regiões da cidade.
O percurso segue a lógica do descobrimento e da ocupação urbana. Começa pela Baía de Guanabara e as silhuetas das montanhas vistas de Niterói. Entra pelo Centro antigo, passa pela Zona Norte e cruza a Floresta da Tijuca até chegar à Zona Sul. Por fim, desbrava os recantos mais inóspitos da Zona Oeste situados no Parque Estadual da Pedra Branca.
O trabalho procurou ângulos inusitados da cidade maravilhosa
“O desafio foi documentar nos cenários atuais o encontro entre o presente e o passado. Sempre com elementos que remetem à história do desenvolvimento da cidade. O resultado foi um livro delicadamente editado, que traça um mapa fotográfico do Rio de Janeiro”, comenta o autor.
A ideia foi desbravar florestas, montanhas, edificações e monumentos para buscar a imagem que poucos conseguem ver. O primeiro passo foi não admirar o local no mesmo ângulo da população.
Para isso, os meios de transporte foram, na maioria das vezes, alternativos. Ele usou asa delta, bondinho de carga, remo, avião monomotor e bicicleta, por exemplo.
O ato de encontrar o enquadramento da foto foi o despertar para esta aventura e o motor do processo criativo. Essa nova “apresentação” da cidade e seus entornos serve como inspiração enquanto instiga o anseio de descobrir “de onde a foto foi feita?”.
Essa viagem fica ainda mais completa com conteúdo em vídeo – acessado via QR Codes impressos nas páginas do livro. Ele desvenda os bastidores da criação e conta algumas histórias por trás das fotos.
Rafael percorreu toda cidade em busca dos cenários para suas fotos
Em busca dos cenários, Rafael explorou na totalidade as Zonas Norte e Sul, Oeste, Centro, Baía de Guanabara e Niterói. Caminhou pelos 180 km da Trilha Transcarioca – cruzando seis parques naturais, subiu montanhas, pedalou por estradas, voou de asa delta e avião monomotor. Também navegou de veleiro, escuna, remo e catamarã, acessou telhados e terraços de construções diversas.
Teve acesso especial a monumentos emblemáticos da cidade, como os braços, ombros e cabeça do Cristo Redentor, a cesta de manutenção sobre o Bondinho Pão de Açúcar, a passarela dos holofotes do Maracanã e a claraboia da Catedral Metropolitana. Tudo para captar o seu olhar do Rio de Janeiro – sem uso de helicóptero ou drone. Somente ali, admirando.
“Esse duradouro e intenso processo me ensinou o poder transformador da imersão em um projeto fotográfico. A importância de uma dedicação a longo prazo e a maturidade que o tempo traz às questões conceituais de uma obra. E, no lado pessoal, a oportunidade de renovar a minha conexão com a cidade em um espaço a ser redescoberto pelo nosso desejo, iniciativa e olhar. Sinto que a fotografia foi o salvo-conduto para eu explorar o meu lugar de origem nessa jornada épica”, analisa Rafael sobre o resultado do trabalho.
Os contornos da cidade ficaram mais nítidos em preto e branco
A decisão de ter todas as fotos em preto e branco busca atenuar as linhas que delimitam a beleza e o caos, o novo e o velho, o rico e o pobre. A ausência de cor traz o foco para o essencial, levando a uma proposta de reflexão sobre o contexto atual da cidade. Tudo para resgatar o lado mais cru e inspirador do Rio: sua inesgotável vocação natural em meio ao crescimento desordenado.
O projeto foi realizado pela editora e produtora Bambalaio com o patrocínio da Mark Building, Multiterminais e JLT, através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.
O lançamento do livro RIO será no dia 26 de fevereiro, na Livraria Argumento, no Leblon.