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Artistas indígenas abrem ciclo de exposições gratuitas na Caixa Sul São Paulo

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A Caixa Cultural São Paulo apresenta até 11 de maio a exposição de artistas indígenas “Nhe´ ẽ Se”. A mostra, que revela o desejo de fala dos povos originários na cidade mais populosa da América, tem visitação gratuita de terça a domingo, das 8h às 19h.

Artistas indígenas abrem ciclo de exposições gratuitas na Caixa Sul São Paulo

Com o propósito de comunicar ideias e emoções, o projeto traz obras de 13 artistas indígenas vindos de diferentes regiões do Brasil, com curadoria de Sandra Benites e Vera Nunes. A exposição mescla obras de artistas já renomados com novos expoentes: Aislan Pankararu, André Hulk, Auá Mendes, Daiara Tukano, Day Molina, Déba Tacana, Edgar Kanaykõ Xakriabá, Glicéria Tupinambá, Paulo Desana, Rodrigo Duarte, Tamikuã Txihi, Xadalu Tupã Jekupé, e Yacunã Tuxá.

Diversas linguagens se apresentam no projeto. Obras mais alinhadadas à arte urbana estão presentes na exposição. Como as da artista Daiara Tukano, natural de São Paulo, do povo Yepá Mahsã, mais conhecido como Tukano. Já Aislan Pankararu, de Petrolândia, no interior de Pernambuco, traz obras com argila; e Paulo Desana, do povo Desana, utiliza luz neon para iluminar o rosto de corpos indígenas.

De acordo com o gerente da Caixa Cultural São Paulo, Alexandre Gidaro, a programação do espaço para 2025 promete agradar a todos os públicos. “Recentemente, tivemos grande sucesso com a passagem de projetos relevantes como a World Press Photo e as obras de Nelson Leirner. Agora, comemoramos a abertura deste novo ciclo, com uma exposição que chega para destacar a arte indígena contemporânea. Isso vai abrir caminhos para uma programação muito diversa. Esperamos estrear outras três exposições até meados de março”, destacou Gidaro.

São Paulo: entre rios

Em meio ao cenário urbano de São Paulo, a exposição Nhe´ ẽ Se mergulha, através dos artistas indígenas, nas formas como esses povos enxergam a vida, a comunidade e a natureza. Desde a origem do mundo, os rios representam as veias da terra e conectam o mundo físico ao espiritual, fornecendo sustento e equilíbrio.

Entrecortada por mais de 300 rios e córregos, como Tietê, Pinheiros e Tamanduateí, São Paulo é uma cidade rodeada de água. Porém, ao longo de sua construção, os rios deram lugar ao asfalto. De acordo com as curadoras, a exposição incorpora um olhar sensível a essa dicotomia entre a relação espiritual dos povos indígenas com as águas e a forma como os rios por vezes emergem em intensas chuvas de verão, causando o lembrete de uma vida ainda pulsante em São Paulo.

Novo manto tupinambá

A exposição traz o lançamento exclusivo de um manto desenvolvido pela artista Glicéria Tupinambá. Ela é natural da aldeia Serra do Padeiro, localizada na Terra Indígena Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia.

Os mantos Tupinambá são vestimentas sagradas feitas de penas de aves e utilizadas por lideranças indígenas do povo Tupinambá antes da colonização europeia. Eles simbolizavam poder, espiritualidade e pertencimento e eram usados em rituais importantes. No período colonial, os portugueses coletaram diversos artefatos indígenas, incluindo os mantos, que foram levados para museus e coleções europeias.

Glicéria Tupinambá tem se destacado no processo de recuperação e valorização da cultura, recriando mantos e resgatando o conhecimento ancestral. Segundo a artista, a indumentária representa para o povo Tupinambá uma confluência entre a dimensão espiritual, o meio ambiente, a economia, a agroecologia e a transmissão de saberes.

Exposição Nhe´ ẽ Se

Local: Caixa Cultural São Paulo

Endereço: Praça da Sé, 111, a 200m da Estação Sé do Metrô

Temporada: de 18 de fevereiro de 2025 a 11 de maio de 2025

Visitação: de terça a domingo, das 8h às 19h

Entrada: gratuita

Informações: caixaculturalsp | Site Caixa Cultural SP

Patrocínio: Caixa e Governo Federal

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