Quando se fala nos destinos turísticos da Argentina, a maioria dos brasileiros pensa em Buenos Aires, nas paisagens da Patagônia ou nos vinhedos de Mendoza. Tango, estações de esqui e bodegas são as imagens que vem à mente. Mas os viajantes estão começando a descobrir o Norte Argentino, uma região com atrações e visuais muito diferentes daqueles que se costuma lembrar quando se fala no país hermano.
Gigantescos desertos de sal, águas termais, montanhas coloridas, vestígios de culturas ancestrais, assim como passeios com lhamas fazem parte dessa experiência, temperada com uma gastronomia própria. Salta, Tucuman, Jujuy, Santiago Del Estero, La Rioja e Catamarca são províncias relativamente próximas do Sul do Brasil, e por isso mesmo hoje mais conhecidas pelos adeptos do turismo rodoviário e pelos motoqueiros. Esses destinos ficaram mais acessíveis com os vôos diretos a Salta a partir de São Paulo, com possibilidade de escala até Tucumán.
Salta, conhecida como “A Linda”, é a capital da província do mesmo nome e maior centro urbano da região, ponto de partida portanto da maioria dos visitantes. Além da fascinante arquitetura histórica da cidade em si, ela é a base a partir da qual se visitam as diversas atrações próximas.
Em Cafayate, por exemplo, ficam os vinhedos de maior altitude no mundo. É onde se cultiva a uva Torrontés, que produz vinhos brancos de altíssima qualidade e tem atraído o interesse dos especialistas internacionais. Com dezenas de bodegas, Salta se tornou assim o segundo maior pólo vinícola da Argentina, atrás apenas de Mendoza (onde se faz predominantemente vinho tinto).
Entre as obras-primas da natureza na região se destacam a Quebrada de Las Flechas, onde formações geológicas pontiagudas são oportunidade para fotos deslumbrantes. E as paisagens que podem ser apreciadas a partir do Trem das Nuvens (Tren a Las Nubes), que, como o nome sugere, faz seu trajeto em trechos que chegam a 4.200 metros acima do nível do mar.
Jujuy é outra província com que registra algumas das paisagens mais incríveis da América Latina. Algumas delas estão na Quebrada de Humahuaca, vale com um canyon verdadeiramente cinematográfico, que se estende por mais de 150 km e é declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
Mas há espetáculos como as Salinas Grandes, imensos desertos de sal de 525 km2, onde o visual é incrível durante o dia e também durante a noite — já que a altitude e o isolamento criam o ambiente perfeito para que os astrônomos amadores observem os corpos celestes. Além disso, em meio a paisagens repletas de cactos, o monumento incaico de Pucará de Tilcara e os museus próximos dão uma bela noção das culturas nativas, ainda presentes nas festas populares e na culinária regional.
Tucumán também é pouco conhecida dos brazucas, embora sua capital, San Miguel de Tucumán, seja a cidade histórica onde foi declarada a independência da Argentina, em 1816. A Casa de Tucumán, onde o congresso fez a proclamação, é um dos pontos turísticos. Mas os fãs de paisagens vão ali em busca dos Vales Calchaquíes, com suas paisagens impactantes e direito a ruínas pré-colombianas dos Quilmes.
Já a província de Santiago del Estero, por sua vez, é conhecida por abrigar o maior centro de águas termais do país, Termas de Río Hondo. Porém, além de spas, clubes de golfe e hotéis de luxo, a cidade também abriga atrações totalmente distintas: é ali que acontece a única etapa latino-americana do Moto GP, a prova máxima da motovelocidade mundial (este ano acontecerá entre 31 de março e 02 de abril).
Em um dos autódromos mais modernos do mundo, atrai anualmente 189 mil espectadores, incluindo milhares de motoqueiros brasileiros que partem dos estados do Sul em suas máquinas para acompanhar o evento e ainda viajar por estradas belíssimas.
O que nos leva a outra atração. É no Norte Argentino que fica uma das pontas da Rota 40 (Ruta Nacional 40, em espanhol), uma das estradas panorâmicas maiores e mais famosas do mundo, com 5.200 km – para dar uma idéia, uma distância maior que a existente entre Madri e Moscou. Ela liga o norte de Jujuy, próximo à Bolívia, até a Patagônia, perto do Estreito de Magalhães, entre geleiras e pinguins.
Um dos motivos que a torna famosa é justamente essa variedade de ambientes e paisagens. Entre tantos recordes, é ali em Abra del Acay, na província de Salta, que ela registra o trecho rodoviário mais elevado do continente americano, a 4.895 metros acima do nível do mar.
La Rioja, por sua vez, é uma província conhecida pelas espetaculares formações geológicas do Parque Nacional Talampaya, também declarado Patrimônio Mundial da Unesco. Mas ali, além das paisagens, os viajantes também são atraídos pelas plantações de oliva e uma cena emergente de vinhos diferentes, como os feitos com a uva Bonarda, de origem italiana.
Mais ao norte fica a província de Catamarca, que tem águas termais na cidade de Fiambalá e, entre diversas paisagens, o cenário de um inesquecível mar de pedra vulcânica – o chamado Campo de Piedra Pómez, na cidade de Antofagasta de la Sierra.
Como chegar: Salta tem vôos diretos saindo de São Paulo, com possibilidade de conexão para Tucumán, duas saídas por semana para cada destino. Também têm conexões diretas a partir de Buenos Aires.