Artista universal, Amália Rodrigues (1920-1999) é uma das personalidades mais importantes da história da música do século XX. Sua carreira internacional foi das mais longas e globais desse período.
Em pleno século XXI, o seu legado permanece vivo, moderno e intemporal. No esplendor das suas metamorfoses e ciclos, o vasto patrimônio fonográfico de Amália Rodrigues afirmou-a, há muito, como uma das melhores cantoras dos nossos tempos.
Desde a sua estreia profissional, em 1939, no Retiro da Severa, Amália foi um fenômeno de popularidade. Arrebatou plateias, acendeu paixões e suscitou os mais animados debates. No pós-guerra, Amália Rodrigues era já a grande figura de referência no panorama musical português.
Com um sucesso absoluto em Portugal, sua carreira internacional foi das mais apoteóticas e das mais globais de todo o século XX. O mundo foi o seu palco natural e a sua voz o instrumento privilegiado para cantar toda a poesia portuguesa, do repertório trovadoresco e renascentista à criação literária contemporânea.
Na Espanha, Brasil, México, Estados Unidos, França, Itália ou Japão, Amália Rodrigues alcançou uma consagração sem precedentes. Ela foi sucessivamente aclamada e idolatrada pelo público e pela crítica. Em todo o mundo e ao longo dos anos, recebeu os mais prestigiados prêmios e as mais altas condecorações.
Popular e erudito, moderno e intemporal, o legado de Amália Rodrigues devolve-nos, em imagens, a poderosa imanência dos grandes temas da cultura portuguesa. No claro-escuro da sua voz, reconhece-se a expressão mais universal das emoções num inventário ilimitado de sentimentos. Nem mesmo sua projeção internacional conseguiu apagar o sentimento de proximidade a que a sua simplicidade nos habituou. Mas tal como a cantiga, também Amália Rodrigues é de toda a gente e não é de ninguém.
A celebração do centenário do seu nascimento (23 de julho de 1920), em 2020 e 2021, tem sido uma ocasião ímpar para ganharmos uma mais nítida e fundada consciência da importância de Amália Rodrigues na cena cultural contemporânea.
No ano de 2020 assinala-se a data através de uma vasta programação. A abertura oficial das comemorações teve lugar em Lisboa, no dia 1º de julho, devendo se estender até 2021.
Desenvolvida no quadro de uma rede de parcerias envolvendo instituições museológicas, arquivísticas, organismos ligados ao setor audiovisual, autarquias, entre muitos outros, com objetivos de cooperação estratégica de salvaguarda e fruição da memória universal de Amália Rodrigues, o Programa das Comemorações tem por base a programação dos organismos sob tutela do Ministério da Cultura e da Câmara Municipal de Lisboa.
Com epicentro em Lisboa e estendendo-se a todo o território nacional, a celebração do legado de Amália decorrerá simultaneamente no plano internacional, numa celebração coletiva de um legado artístico que continua a afirmar o nome de Portugal no mundo.
Ponto de partida e de chegada de tantos lugares como a música, a poesia, o teatro, o cinema ou a dança, o legado plural de Amália afirmou-a, há muito, como uma das maiores criadoras dos tempos modernos. Ao longo da sua extensa biografia artística, sua voz dialogou abertamente com criadores de todas as artes: poetas, músicos, pintores, escritores, cineastas ou encenadores.
Também por essa razão, o programa do centenário foi pensado numa perspectiva multidisciplinar, desdobrando-se em nove eixos programáticos estruturantes: música, patrimônio-investigação-salvaguarda, exposições-arte pública, cinema-teatro-dança, roteiros Amália, conferências-conversas-colóquios, programas educativos, edições-reedições, programação internacional. Mais informações: centenarioamaliarodrigues.pt