É característica da maioria dos mandatários da política brasileira nomear para cargos executivos – ministérios, secretarias, empresas estatais, etc. – parlamentares eleitos ou sem mandatos que não conhecem absolutamente nada sobre o mercado para o qual são indicados. O turismo é vítima disso. Talvez pelas oportunidades de viagens pelo mundo que os cargos oferecem, pois, verbas sempre foram minguadas e a visibilidade nunca relevante.
De uns anos para cá, cientes do descaso com que estava sendo tratado o assunto, profissionais e líderes do mercado mudaram de atitude e passaram a mostrar a importância do setor aos políticos e gestores em todas as instâncias. Os resultados começam assim a aparecer. Não há como mudar as indicações políticas para os cargos majoritários, mas técnicos especialistas no setor começaram a ser contratados para os mais variados órgãos.
A mais recente ação do mercado com resultado concreto e positivo para o turismo é o decreto nº 11.875 do governo federal, publicado nesta quinta-feira, 04 de janeiro, que prorroga para 10 de abril o início da exigência dos vistos para turistas norte-americanos, canadenses e australianos. Ele atendeu a um pedido do setor do turismo, diante da dificuldade de operação que a nova plataforma da empresa VFS, responsável pela emissão dos documentos, vinha apresentando.
Só no setor de cruzeiros marítimos existiam 8 mil passageiros estrangeiros impedidos de visitar o Brasil, pois o sistema implantado pelo Ministério das Relações Exteriores ainda apresenta falhas, prejudicando quem quer visitar nossos destinos no principal período do ano.
O problema foi apresentado em reunião da qual participaram Jaqueline Gil e Mônica Sâmia, da Embratur, a ministra Patrícia Calazans, do Itamaraty, Toni Sando, da Unedestinos, Carlos Werneck e Roberta Werner, do Rio de Janeiro Convention Bureau (RioCVB), Ivana Bezerra, do Visite Ceará, e os principais DMCs do Rio de Janeiro, que representam 80% do mercado internacional.
“Importante destacar também o papel do Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil, que nos últimos dias trabalhou intensamente nessa pauta, tanto junto às autoridades quanto à empresa responsável pela plataforma, levando assim os feedbacks dos passageiros que estão a caminho do Brasil e com dificuldades de tirar o visto”, afirmou Toni Sando, presidente da Unidestinos.
Diante dos problemas apresentados no uso da nova plataforma da VFS para obtenção de visto para o Brasil em plena alta temporada e próximo ao Carnaval, o pleito do adiamento para os devidos ajustes foi atendido. Foram esclarecidas dúvidas, apresentados os ajustes para o sistema e designada uma força tarefa para atender as agências.“Estamos na fase de debate e diálogo entre o setor público e o privado para buscar soluções diante dos fatos que ocorreram“, completou Toni Sando.
Não há dúvida de que a participação dos técnicos na reunião foi fundamental para a apresentação aos mandatários políticos e, por isso, Geraldo Alckmin, presidente em exercício, os ministros do Turismo, Celso Sabino, de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa, de Desenvolvimento Econômico e o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, fizeram um mutirão junto ao ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, para o adiamento da vigência para depois da alta estação.
Parece que nossos líderes e executivos acertaram o caminho a ser seguido.