Fazer uma trilha rápida, tirar algumas fotos e retornar para o hotel é o suficiente para muita gente. Mas para quem gosta de realmente viver as montanhas, respirar o ar puro, ver os condores voando entre as nuvens, dormir nas alturas e acordar com o sol da altitude refletido nos lagos e glaciares, a experiência perfeita pede assim aventuras mais longas, com pernoites estratégicos para recarregar as baterias nos refúgios de montanha.
Criados nos Alpes no século 19 pelos montanhistas que exploravam regiões com pouca estrutura de apoio, eles antigamente eram cabanas rústicas, mantidas pelos grupos de alpinistas de cada região.
Com o tempo, foram se sofisticando e hoje oferecem comodidades como contratação de guias especializados, duchas e até refeições prontas, com opções vegetarianas ou para quem possui restrições alimentares. É na Argentina, na Patagônia – com destaque especial para a região de Bariloche – que fica a maior rede de abrigos de montanha na América Latina.
O verão é o melhor período para visitar a região. Hoje, para reservar vaga para um pernoite, o viajante faz sua inscrição pela web e já preenche o formulário necessário para fazer trekking em áreas de preservação.
O viajante continua levando seu próprio saco de dormir, mas há abrigos onde os sleeping bags estão disponíveis para alugar, e outros que oferecem até opções de camas de casal e quartos climatizados.
Há alternativas para todos os tipos de viajantes, dos que fazem trilhas mais simples até os que buscam escaladas e trilhas longas e técnicas. Alguns abrigos têm arquitetura à moda antiga, como chalés de montanha, com decks de onde se têm assim uma visão panorâmica das nuvens. Outros, mais modernos, são domos construídos em material sintético com tecnologia de isolamento térmico.
Pode-se buscar mais informações e fazer reservas para boa parte deles no Club Andino Bariloche (CAB). Pampa Linda, uma pequena vila ao lado do Cerro Tronador, a maior montanha do Parque Nacional Nahuel Huapi, é a base para as mais cinematográficas trilhas da região. Ali existe o Refugio Ilón, em frente à Lagoa Ilón, que tem locais para barracas e também um grande domo com capacidade para 30 pessoas em sacos de dormir.
Na região também há o Refugio Otto Meiling, com 60 lugares, que oferece uma das vistas mais célebres da região e a possibilidade portanto de ver e fotografar condores voando ao largo pelas nuvens. Ali há guias especializados que podem ser contratados para trilhas com diferentes níveis de dificuldade. O Meiling é o camp base para os montanhistas que buscam escalar o pico do Tronador.
Os caminhos da região permitem assim diversas combinações de itinerários começando e terminando em abrigos. O Agostino Rocca, que inclui como opcionais ducha e refeições, é a parada oficial de quem faz o trajeto de Paso de las Nubes, que vai de Pampa Linda ao Lago Frias. Um dos mais novos da região é também um dos que tem maior estrutura, com capacidade para até 80 pessoas.
O Refugio Emilio Frey, no Cerro Catedral, em formato de chalé feito de pedra, possui não apenas ducha e refeições, mas também luxos como pizzas e cerveja artesanal. O Refugio López, o maior de todos, é conhecido por ter a melhor vista panorâmica do lago Nahuel Huapi. Mas há diversos outros, como o Manfredo Segre (conhecido como Laguna Negra), o San Martin (conhecido como Jakob) e o Berghof, que substituiu a construção histórica instalada pelo pioneiro Otto Meiling, que fundou a primeira escola de esqui, nos anos 1930.
Como chegar: Saindo das principais cidades do país até Buenos Aires, é possível pegar uma conexão para Bariloche. De lá, um pequeno trajeto de carro ou ônibus e, depois, trilhas de distâncias variáveis.
Onde se hospedar: Reservando pela web é possível organizar a estadia em quantos abrigos o viajante quiser, de acordo com seus itinerários.
O que comer: Antes da Covid era possível cozinhar nos refeitórios dos abrigos. Agora isso não é permitido por motivos sanitários, mas eles vendem refeições e alguns deles inclusive possuem opções para pessoas com restrições alimentares.
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