As joias artesanais em prata de Pirenópolis (GO) foram reconhecidas como Indicação Geográfica (IG) pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), na terça-feira (9/07). O título é pela reputação do município baseada no saber-fazer dos artesãos locais e pela qualidade única das peças, entre outros fatores.
O processo de reconhecimento teve início em 2014, quando o Sebrae aplicou um diagnóstico de potenciais IG em Goiás. Ao fim dos trabalho, concluiu que o território tinha esse diferencial com relação às joias artesanais.
A partir disso, a instituição passou a apoiar os artesãos na estruturação da Indicação Geográfica. Atualmente, pelo menos 100 pessoas trabalham na fabricação das joias artesanais. Já são oito lojas espalhadas pela cidade, localizada na região central do estado.
Um passo importante para a estruturação da IG foi a criação da Associação Cultural e Ecológica dos Artesãos em Prata de Pirenópolis (ACEPP).
“O Sebrae de Goiás apoiou os artesãos na estruturação da IG para registro no INPI. Foram realizadas ações de capacitação sobre o conceito e funcionamento da Indicação. Além de orientação para o fortalecimento da governança local”, conta Hulda Oliveira Giesbrecht, analista da Unidade de Inovação do Sebrae, especialista no tema.
Os artesãos também receberam consultoria para elaboração do regulamento de uso (hoje caderno de especificações técnicas). Além de apoio para demarcação da área. E para elaboração do relatório com as evidências da notoriedade da região vinculada às joias artesanais em prata.
Joias artesanais foram registradas no INPI em 2017
Em dezembro de 2017, a ACEPP fez o pedido de registro junto ao INPI. Ele foi deferido um ano e sete meses depois. “Foi um caminho longo. Mas fomos bem orientados pelo Sebrae e ficamos surpreendidos pela bela notícia”, afirma a artesã Marisa Pacheco, uma das diretoras da associação que reúne os artesãos de joias artesanais.
“Depois da verificação de que a produção local que merecia reconhecimento era ligada ao nome Pirenópolis, o Sebrae continuou conosco por todo o processo, inclusive junto ao INPI”, acrescenta Marisa.
Ela conta que na década de 1970, eram pelo menos 300 pessoas que trabalhavam na fabricação de joias artesanais. Atualmente, esse número fica em cerca de 100 profissionais que ainda produzem as peças, um dos atrativos da cidade.
Segundo Vera Lúcia Oliveira, analista do Sebrae em Goiás, são diversas as oportunidades para o desenvolvimento da IG Pirenópolis. Entre elas, estão a rica história da região, o comprometimento histórico com a colaboração mútua, envolvendo qualidade do produto e modos de produção e a qualidade das joias artesanais.
Marisa Pacheco explica que as peças são fabricadas à mão em oficinas. São usados instrumentos simples, muitas vezes criados pelos próprios artesãos. “Toda a prata usada vem de reciclagem. Tudo é reaproveitado e a maior parte das joias são peças únicas. E só trabalhamos com pedras naturais”, explica Marisa. “Com o selo de IG, vamos ter em Pirenópolis consumidores exigentes, além de agregar mais atrativo para a cidade”, comenta a artesã.
Indicação Geográfica
O Sebrae apoia os produtores rurais, artesãos e pequenos negócios na realização do diagnóstico para identificar o potencial de reconhecimento como Indicação Geográfica (IG).
“Quando uma IG é reconhecida, toda uma região cresce junto. Novos negócios são criados e os já existentes se desenvolvem. Por isso, o Sebrae atua junto aos produtores. E, principalmente, na defesa dos interesses das micro e pequenas empresas, que comercializam esses produtos”, explica o presidente do Sebrae, Carlos Melles.
Há atualmente 64 Indicações Geográficas brasileiras reconhecidas pelo INPI. Desse total, 53 são Indicações de Procedência e 11 são Denominações de Origem. Cerca de 70% dessas IG referem-se a produtos do Agronegócio. O Artesanato contempla 9 IG, sendo a IG de Pirenópolis para as joias artesanais em prata a mais recente.