O Brasil tem testemunhado o surgimento de um novo perfil de empreendedores: jovens, ousados e conectados com oportunidades globais. Um levantamento recente divulgado pelo Sebrae baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc) do IBGE mostra que entre o último trimestre de 2013 e os três últimos meses de 2023, a quantidade de empreendedores com idades entre 18 e 29 anos cresceu 23% no país.
É o caso de Marcelo Rubin Goldschmidt, Gabriel Ezra Mizrahi e Vitor Coifman, três amigos de infância que, aos 20 anos, fundaram o Clube do Passaporte, uma empresa de consultoria especializada em negócios e imigração para Portugal. A ideia surgiu após uma experiência de intercâmbio em Israel, que abriu assim os olhos dos jovens empreendedores para o potencial de negócios voltados para a obtenção de cidadania portuguesa, um direito estimado para cerca de 30 milhões de brasileiros. Hoje, apenas cerca de 393 mil residem oficialmente em terras lusitanas, segundo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Formados em Direito pela PUC-SP, Marcelo e Gabriel foram para lá com objetivos diferentes. “Enquanto eu trabalhava em uma startup, ele ingressou em um escritório que prestava serviços de cidadania portuguesa para descendentes de judeus sefarditas perseguidos pela Inquisição”, conta Goldschmidt.
Inspirados pelo ambiente empreendedor de lá, viram a oportunidade de trazer esses serviços ao Brasil, um mercado com grande demanda por processos de nacionalidade portuguesa. Foi então que convidaram Victor, formado em administração pelo Insper e também amigo de longa data, para integrar o time e fortalecer dessa forma a gestão financeira e administrativa do novo negócio. “Em Israel o trabalho com nacionalidade portuguesa era muito popular, especialmente entre descendentes de judeus sefarditas, os de origem na Península Ibérica, e percebemos portanto que havia um enorme potencial também no Brasil”, explica.
Ao que tudo indica, o trio de sócios estava certo. “Nós inauguramos o Clube do Passaporte, em 2020, no auge da pandemia de Covid-19, e um ano depois optamos por deixar nossos trabalhos para nos dedicar 100% ao negócio”, afirma Marcelo. Segundo ele, a empresa deu um salto de R$ 100 mil de faturamento no primeiro ano de operação para mais R$ 2 milhões no segundo ano, e a expectativa é de faturar acima de R$ 10 milhões no ano que vem. “Oferecemos soluções personalizadas para brasileiros que buscam cidadania portuguesa e para àqueles que buscam migrar para Portugal de forma regular, assim como consultoria em negócios e para obtenção de outras nacionalidades, como italiana e espanhola,” afirma.
Marcelo explica que um dos fatores de sucesso do Clube do Passaporte vai além da prática de unir experiência jurídica à gestão eficiente. “Eu acredito que a nossa performance está muito atrelada ao olhar jovem e positivo que trazemos para os desafios do negócio, e a energia aplicada em cada detalhe. A atitude de enfrentamento e resolução de problemas é portanto algo que permeia o nosso trabalho”, ressalta.
Na pandemia, por exemplo, a empresa aproveitou a onda acentuada de brasileiros que deixaram o país para tentar a vida na Europa, transformando o sonho de muitos em realidade. “Somente neste período nós prestamos serviços para milhares de brasileiros que nos procuraram para obter a cidadania portuguesa”, explica Marcelo.
Outro ponto é o fato de o trio de jovens empreendedores ter acreditado no potencial do mercado brasileiro tanto como fonte de investimento no mercado europeu, mas também como destino desses investimentos do Velho Continente. “A nossa missão é ser um facilitador deste fluxo de negócios, usando nossa experiência em múltiplas áreas, como jurídica e financeira, e nossa estrutura já consolidada no Brasil e na Europa”, afirma Marcelo. “Queremos ajudar o máximo de brasileiros a atingirem assim seus sonhos quando miram a Europa, seja ele uma nacionalidade, uma migração imediata ou um investimento, tornando a ambição deles o nosso desejo”, finaliza.