A Organização para Alimentação e Agricultura (FAO), agência especializada das Nações Unidas que lidera os esforços internacionais para combater a fome, estima que o desperdício de alimentos chega a 931 milhões de toneladas por ano em todo o mundo.
O número consta do Índice de Desperdício de Alimentos (https://www.unep.org/pt-br/resources/relatorios/indice-de-desperdicio-de-alimentos-2021) e equivale a 17% do total de alimentos disponíveis globalmente em 2019. O peso equivale a aproximadamente 23 milhões de caminhões totalmente carregados que, quando enfileirados, dão sete voltas completas em torno da Terra.
O dado torna-se ainda mais alarmante quando é colocado em contexto, já que 811 milhões de pessoas passam fome no planeta. E outras 132 milhões sofrem com as ameaças da insegurança alimentar. A urgência em encontrar uma solução para essa questão a colocou entre os 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) que integram a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). A meta é reduzir assim pela metade o desperdício alimentar global per capita e diminuir as perdas ao longo das cadeias de produção e fornecimento.
A sete anos da conclusão da Agenda, o hotel Mercure Itajaí Navegantes, administrado pela Atrio Hotel Management, vem fazendo a sua parte para minimizar o desperdício de alimentos por meio de um programa implantado em setembro deste ano. A etapa inicial, realizada durante os dois primeiros meses, consistiu em pesar todas as sobras de alimentos que acabaram no lixo do empreendimento catarinense. “A pesagem regular nos permite ter um acompanhamento real dos restos de alimentos que são para desenvolver ações de combate ao desperdício”, explica Nadia Quadra, gerente-geral do empreendimento.
A primeira iniciativa foi acompanhar de perto as sobras do café da manhã. E, dia após dia, começar a diminuir a produção de alimentos de reposição conforme se aproxima o horário de encerramento do serviço. Em paralelo, um colaborador foi destacado para contabilizar em tempo real quantos hóspedes já consumiram o desjejum e quantos apartamentos ainda não passaram pelo bufê. “Essa análise ajuda portanto a calcular a demanda de alimentos de forma mais precisa e otimizar a produção de reposição”, complementa.
Quando restam 15 minutos para finalizar o horário estabelecido para o café da manhã, a reposição é interrompida. A cozinha passa então a produzir novos itens exclusivamente mediante demanda dos garçons. “Com esse olhar atento e medidas simples já conseguimos dessa forma reduzir mais da metade do desperdício”, comemora. Em setembro, o volume total de alimentos descartados chegou a 627 quilos, uma média de 20 quilos por dia. Em outubro e novembro, esse número baixou para 340 quilos – 11 quilos por dia.
Devido à proximidade da alta temporada e a necessidade de maturação do projeto, a gerência do Mercure Itajaí manteve os oito quilos diários como meta máxima de desperdício para este mês de dezembro e para janeiro de 2023. Em fevereiro do ano que vem, entretanto, o plano prevê uma redução ainda maior, chegando ao máximo de oito quilos de descarte por dia.
“Essas metas, bem como as ações que estão sendo finalizadas, têm o apoio da Atrio e envolvem o corpo gestor e operacional, incluindo as equipes de cozinheiros e garçons, que precisam ser envolvidos no entendimento de todo o ciclo do alimento, incluindo sua produção”, reforça.
O hotel já executa há três anos um programa de reciclagem para o óleo de cozinha que destina 100% dos 25 litros semanais descartados no restaurante a uma empresa especializada no recolhimento, tratamento e destinação correta. “Ainda que o volume não seja tão alto, nossa maior motivação para esta iniciativa é o tratamento e a destinação correta, seja no descarte ou no manejo para transformação em outros produtos”, finaliza Nadia.