Na cidade de Piracaia, a cervejaria Rolfsen participa com entusiasmo da Piracaia Tchéquia Week. Sob a gestão do casal Fábio e Alexsandra Rolfsen, a cervejaria tem se destacado não apenas pela qualidade de suas bebidas, mas, também, pela sua conexão com a cultura tcheca e europeia, de maneira histórica.
Fábio Rolfsen compartilha a inspiração por trás da iniciativa: “A ideia surgiu como uma homenagem à herança familiar. Tenho ascendência dinamarquesa. Meu tataravô, Christian Rolfsen, veio para o Brasil em 1892. Ele era casado com minha tataravó, Ana, que era austríaca e fazia cerveja em casa”, relata o senhor Rolfsen.
A cervejaria não apenas oferece uma variedade de cervejas, mas também um espaço acolhedor para refeições. O restaurante abre às 7h30 e vai até às 22h. Ele oferece uma culinária contemporânea que reflete os sabores da região. A cerveja não é pasteurizada para preservar assim seu sabor original. Isso permite que ela seja vendida em um raio de até 300 quilômetros em torno de Piracaia, atendendo principalmente à clientela local e de São Paulo.
A cerveja desenvolvida para a Piracaia Tchéquia Week é uma homenagem à tradição tcheca, e o casal já tinha o desejo de fazer uma cerveja tcheca. O rótulo funde as bandeiras do Brasil e da República Tcheca, simbolizando dessa forma a fusão cultural entre os dois países.
Com essa iniciativa, a Rolfsen não apenas celebra suas raízes familiares, mas também contribui assim para o enriquecimento cultural e gastronômico da região de Piracaia com o histórico de Jan Antonin Bata. A fábrica e o restaurante funcionam no mesmo local, que é bem amplo. No quintal da fábrica, há um food truck de uma pizzaria de massa de fermentação natural.
A relação entre a República Tcheca e Piracaia
Alexsandra Rolfsen lembra que a Piracaia Tchéquia Week é uma homenagem a um fabricante tcheco de calçados que foi fundamental para o desenvolvimento de Piracaia e região enquanto município. O empresário tcheco Jan Antonín Bata sucedeu seu meio-irmão e fundador da fábrica Bata, Tomàs Bata, em 1932.
Com o apoio do então presidente Getúlio Vargas, nas suas campanhas de industrialização no Brasil, a indústria de calçados tcheca Bata tinha como objetivo a construção de dez fábricas com vilas operárias pelo país, das quais quatro foram fundadas. A Vila de Batatuba, em Piracaia, chegou a empregar dois mil operários, incluindo refugiados de guerras e camponeses.
Com a morte de Jan Antonin Bata em 1965, a empresa sobreviveu até 1983, quando culminou em um pedido de falência.
Como Bata investia em pesquisa e formação dos funcionários, muitos fundaram as próprias fábricas de calçados. O ofício de sapateiro está presente na família Bata desde 1576, e a Bata na República Tcheca, em 1938, chegou a ter 118 mil colaboradores, sendo a marca comercializada em 89 países. Uma exposição que conta toda essa história está na Cervejaria Rolfsen.
A receita tcheca segue no cardápio, e o festival gastronômico – Piracaia Tchéquia Week terá sua próxima edição em março de 2025, a data exata será oficializada no final deste ano.
Reportagem e fotos: Mary de Aquino
